Acolhimento ao jovem com depressão e tendencias suicidas

 


Falar sobre suicídio não é focar na morte mas na vida, porque uma pessoa que vive com esses desejos na verdade não quer morrer mas matar a sua insuportável dor.  

Todo mundo pensa sobre a própria morte em algum momento da vida, mas quando isso se torna um hábito e passa pro campo das ideias e planejamentos, o risco de suicídio aumenta.  

Por isso precisamos ter muito cuidado com o que falamos e como falamos, pois a pessoa já está vivendo seus piores dias e não precisa de mais uma lição de moral. 

Por mais difícil que seja lidar diretamente com uma pessoa com tendências suicidas, aumente a rede de apoio dela de forma intencional. Não adianta você aumentar essa rede por quantidade, mas com qualidade. Ela precisa ter por perto pessoas que ela confia e que ela saiba que quando quiser poderá se permitir falar sobre suas angústias.  

É importante essa pessoa entender o seu valor dentro dos contextos que ela está inserida! A rede de apoio pode inclusive ajuda-la a se lembrar quais são suas qualidades e habilidades, pois geralmente ela se esquece sobre quem ela é. 

Essa pessoa precisa ter uma boa rede de apoio e esta rede deve entender que nem todas as pessoas com tendências suicidas tem um histórico que justifique. Às vezes ela está vivendo uma fase muito difícil e não está sabendo lidar com ela. 

Ainda que não tenhamos o poder de tirar a pessoa repentinamente daquele lugar de dor, podemos contribuir pra amenizar, e o primeiro passo é se disponibilizar pra ouvir. 

Alguém que ajude sem impor, que tenha uma mente aberta pra observar necessidades daquele contexto e que através do apoio ela se sinta amada, abraçada, incentivada. 

Você pode perguntar em que a rede de apoio poderia ajuda-la. Se ela disser quais os pontos de apoio mais urgentes davsua rotina, ajudará bastante! Mas se ela não expor de form direta, observe e tente perceber se essa pessoa precisa de ajuda em casa pra uma faxina geral ou realizar os afazeres domésticos de rotina. Ou ainda se precisa de alguém pra passar as roupas, preparar a alimentação adequada conforme as recomendações do nutricionista, que organize os medicamentos prescritos e a ajude a criar um tabela e agendar no cel o lembrete dos mesmos.  

Tudo isso pode ser uma forma de ajuda que pode ser feito desde que essa pessoa autorize, permita. Por isso toda a rede precisa entender sobre este processo, ter paciência e caminhar juntos, no mesmo propósito. 

Diga a ela que você está disponível pra ouvir e ajudar também de forma prática dentro da sua possibilidade. Diga o que você pode fazer e pergunte se ela autoriza, troque ideias sobre essas necessidades e sobre sua intenção de amenizar essa dor. 

Existem muitos fatores que potencializam as possibilidades de suicídio. Não significa que todas essas possibilidades levarão à execução em si, mas deve haver uma atenção maior. 

De acordo com o Dr Neury Botega, essas características são: 

  • A existência de transtornos psiquiátricos 
  • Tentativas anteriores de suicídio
  • Histórico de suicídio na família 
  • Abuso sexual na infância 
  • Impulsividade / agressividade
  • Isolamento social
  • Doenças incapacitantes / incuráveis 
  • Alta recente de internação psiquiátrica 

 

Posso acrescentar também que alguns medicamentos e misturas inadequadas podem gerar esse desequilíbrio. Por isso nunca deixe de ler as bulas dos remédios nem desobedeça suas instruções pois por exemplo se ali diz que não se teve tomar mais comprimido dentro num intervalo de x horas, ou que não se deve usa-lo e consumir bebida alcoolica, é porque tem um motivo. Não desafie o que você desconhece! 

É muito importante realizar psicoterapia para se conhecer melhor, entender sobre as emoções, identificar os gatilhos que ativam essas tendências,  observar os sintomas, aprender a lidar com os dias difíceis, e viver de forma saudável. A psicoterapia te ajuda a organizar os pensamentos e ações. 

Uma vez que a psicoterapia e o tratamento medicamentoso vão ganhando resultado na redução dos sintomas e organização mental, também é importante que essa pessoa realize uma atividade física em uma área que lhe agrade, pois o exercício ativa a sensação de satisfação, de prazer. Uma alimentação também adequada ajuda a desinflamar o corpo e ativa áreas cerebrais que geram mais disposição física, ânimo, e muitos outros benefícios.  

Também é preciso romper com o preconceito em torno do psiquiatra. É preciso seguir a recomendação médica pois os remédios agem nos sintomas, e o tratamento é gradativo, devagar, para que os efeitos colaterais não gerem mais desespero. Se tomados corretamente eles ajudarão a amenizar os sintomas. 

Faça um check up geral com um clínico médico também a fim de verificar as vitaminas e os hormônios. Vitaminas B12 e D por exemplo, além de hormônios desregulados podem gerar cansaco físico e mental, prostração, desânimo e potencializar fatores que predispoem a depressão e outros transtornos mentais associados ao risco de suicídio. 

O suicídio ainda é um tabu muito grande e cercado de muitos preconceitos.  

Existem muitos fatores que PODEM amplificar as tentativas de um suicídio, como por exemplo um nível profundo de depressão, além de outros transtornos mentais, algumas combinações de remédios que geram perturbações, e outros fatores. 

Quando digo "PODEM" é porque nem todo mundo que tem um transtorno mental tem tendência suicida e nem todos que se suicidam tem transtorno mental. Mas alguns fatores podem potencializar. 

Todavia, é de total importância que os indícios de transtorno mental e que os mínimos sinais de tendência suicida sejam levadas a sério principalmente pelos familiares e amigos, que são pessoas mais próximas e capazes de observarem melhor as características daquela pessoa e alterações ao longo dos anos.  

É fundamental que a família e amigos próximos se inteirem do assunto para abordar e conversar com tal pessoa da forma adequada a fim de não agravar a situação.  

As pessoas próximas precisam entender minimamente o assunto e incentivar inclusive a busca emergencial do serviço de atendimento voluntário para casos emergenciais de risco ao suicídio, onde a referência é o CVV, Centro de valorização da vida, podendo ser contactado pelo telefone 188. O site oficial www.cvv.org.br é muito informativo e a família pode se inteirar melhor a respeito do assunto. 

O primeiro passo então é ouvir sem julgamentos, e obtendo êxito nesse vínculo de confiança o próximo pasdo é o convencimento sobre a busca do tratamento adequado com um psicólogo e/ou com um psiquiatra. 

Com um psiquiatra, o tratamento será com os medicamentos que agirão nos sintomas físicos. 

Também é importante que a intervenção medicamentosa seja feita de forma responsável e com as devidas orientações ao paciente sobre o uso correto das doses, pois muitas vezes a pessoa por conta própria aumenta a dose diária ou para repentinamente ou usa outros medicamentos aparentemente inofensivos e que podem gerar ainda outros problemas. 

Infelizmente nem todo mundo lê as bulas e muitos até leem mas nao entendem. Então independente da especialidade médica que você vá, seja para que queixa for, informe todos os medicamentos que vc toma e a dose, pra que o médico saiba que novo remédio pode ser prescrito ou não. 

Com um psicólogo, a psicoterapia tem o objetivo de identificar os fatores que estão gerando o gatilho dos transtornos psíquicos e alcançar saúde mental com a motivação e ajustes das emoções. 

Se a pessoa tiver a possibilidade de busca dos profissionais por atendimento particular ou pelo plano de saúde, ótimo! Mas caso seja necessário o acompanhamento via SUS, em primeiro lugar você deve procurar deve ser a Clínica da família ou o Posto de saúde da região que a pessoa mora, e então o profissional fará os devidos encaminhamentos.


Um abraço.

Juliana do Nascimento Meni Lima

Psicóloga - CRP 05/41500



 

 


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